A gente brigava muito mas amava muito também. E isso, pra mim, justificava tudo. Ela sabia que depois de tantos escrúpulos era do tipo que ficava sozinho. Sequer pensava em algo, me recusava. Me recusava e ponto. Mas olha, tá para nascer mais malandra... Me trazia o pão doce da padaria - aquele que tanto gostava, com goiabada por cima - bem fresquinho, saindo do forno. Junto do pão um sorriso maroto naquele rosto e o que tinha de maroto, tinha de culpada. O sorriso me levava logo, ela sabia. Criamos uma intimidade ímpar com o nosso modo de amar, entre um delírio e outro conseguíamos nos ajustar. Era uma relação gostosa de viver, ainda mais por estar cada vez mais imersos no prazer das pazes... Sempre iniciado com muita sinceridade e compreensão. Esforços eram gratificantes e bem inspiradores, confesso que adorava o ritual de desentendimentos seguidos de doses de perdões. Ela soube me ganhar de uma maneira particular pelas palavras que usava ao se redimir, aquela voz tão gostosa foi até minha canção de dormir.
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Lais Carballal / Lucas Kn
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